Brincar é importante! Os gregos e os medievais sabiam disso

Créditos da imagem: https://www.nashvilledominican.org/prayer/litanies/litany-st-thomas-aquinas/
 

Brincar deixa a vida mais leve.

Brincando aprendemos melhor. 

Não dá para levar muito a sério quem leva tudo a sério. 

Brincadeira tem hora. Quem força muito a barra pra ser engraçado acaba sendo desagradável. 

Tudo isso já aconteceu conosco. É humano! É tão legal quando lemos ou escutamos alguém e imediatamente ressoa dentro de nós: "Isso é verdade!" Ocorre naquele momento uma adesão nossa à coisa lida ou ouvida. E por quê? Por que aquilo, por ser tão humano, já estava em nós.

Recentemente, lendo um pequeno comentário que Tomás de Aquino fez a um trecho da Ética de Aristóteles, esse encontro mais uma vez ocorreu em mim.

Disse São Tomás: "O brincar é necessário para a vida humana".

Assim como o nosso corpo precisa descansar, pois não consegue trabalhar ininterruptamente, a brincadeira é um repouso para a alma.

Tomás de Aquino dizia que aqueles que mais se dedicam às atividades racionais, são os que mais precisam da brincadeira. Ela dilata o afeto e nos faz acolher interiormente o que é agradável. Por outro lado, a tristeza atrapalha a aprendizagem.

Contudo, São Tomás alerta que não se pode brincar de qualquer maneira. Existe um jeito bom (virtuoso) e um jeito ruim (vicioso) para brincar. 

Assim com Aristóteles, ele afirma que nossas ações exteriores revelam disposições morais interiores. Ou seja, a maneira como brincamos revela algo mais profundo em nós.

Há uma brincadeira viciosa, pois todo exagero, inclusive o relacionado à brincadeira é vício. 

Há também  e uma brincadeira virtuosa. A virtude é o equilíbrio, a justa medida das coisas, o que inclui até mesmo brincadeiras.

A brincadeira ruim conduzida pelo vício é a zombaria, o escárnio, a grosseria... É feita por aqueles que se tornam importunos por sempre querer fazer rir. Conduzem os outros ao riso ferindo alguém.

No entanto, quando uma pessoa não suporta brincadeira alguma, sempre séria e rígida, também está no vício. Afinal, existe o vício pelo excesso e o vício pela carência (todo extremo é vício).

Já a brincadeira virtuosa, essa sim é maravilhosa! É feita por aqueles que conseguem converter uma situação em riso de forma conveniente, agradável. Atuam de maneira desembaraçada, flexível. Com uma inteligência aguda, sabem brincar sem ferir ninguém.

As virtudes não são naturais. Elas acontecem pelo cultivo do hábito, do bom hábito. E essa é a parte boa. Não estamos fadados às bobagens que cometemos. Cada manhã é um recomeço. Afinal, se não cometêssemos bobagem alguma, são seríamos humanos, seríamos angélicos como São Tomás de Aquino.

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