Amar o próximo como a si mesmo é um mandamento cristão?

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Para alguns cristãos, o amor ao próximo seria uma espécie de síntese do cristianismo. Na verdade, trata-se de um mandamento judaico: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou Iahweh" (Levítico 19,18).

Esse amor ao próximo na tradição deve acontecer pela simples razão de que a alma de uma pessoa e a alma do próximo são esculpidas pelo mesmo trono de Esplendor divino.

Contudo, esse amor ao próximo tem uma dimensão prática, não se trata apenas de uma ideia ou de um princípio nobre. Ao discorrer sobre a prática da caridade e a prática da misericórdia os sábios afirmam que: "A caridade significa dar algo de nossa propriedade, enquanto a prática da misericórdia significa dar algo de nós próprios. A caridade só é dada aos pobres, ao passo que a misericórdia pode ser concedida tanto aos ricos como aos pobres" (Sukkah 49b).

Conta o Talmud que um ateu se dirigiu ao Rabi Shammai e lhe disse: "Tornar-me-ei um prosélito com a condição de que me ensinem a Torá inteira comigo de pé sobre um pé só". Diante desse pedido absurdo, uma vez que é impossível aprender toda a riqueza da Torá nestas condições e num tempo tão curto, Shammai expulsou o rapaz. O Talmud continua dizendo que o moço foi ao Rabi Hillel e fez o mesmo pedido. Surpreendentemente, a resposta de Hillel foi: "Aquilo que te for detestável, não faças ao teu próximo. Isso é a Torá inteira. O resto é comentário. Ide e aprende-o" (Shabbat 31a).

Jesus disse algo semelhante a Hillel, porém numa perspectiva de ação positiva: "Tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós aí eles, pois esta é a Lei e os Profetas" (Mateus 7,12). Bem, com Jesus ficou mais difícil, mas a lógica para o cumprimento das Escrituras é a mesma.

De qualquer forma, o amor ao próximo não é uma novidade cristã. A radicalidade e a originalidade de Jesus consiste no amor ao inimigo: "Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam" (Lucas 6,27).

Mas essa parte do Evangelho não tem muitas visualizações e curtidas, nem nas igrejas.