A Batalha de Poitiers




Créditos da imagem: https://www.britannica.com/


Em "outubro de 732 (...) dois exércitos encontram-se frente a frente (...) são dois mundos, duas civilizações que vão defrontar num campo de batalha, perto de Poitiers". É assim que o historiador francês Jacques Marseille abre o seu livro da coleção dirigida por ele, Grandes Momentos da História, destinada para o público infantojuvenil.
De um lado, o emir Abd-er-Rhaman lidera os árabes com seus cavalos, cimitarras, arcos e lanças.
Do outro lado, o mordomo do palácio Carlos Martel lidera os francos com seus enormes cavalos, capacetes, escudos, grandes espadas, lanças e machados.
Nesta época, os últimos reis merovíngios eram muito fracos e perderam a sua autoridade. As guerras internas eram frequentes e várias regiões tornaram-se independentes como a Borgonha, Provença e a Aquitânia. O mordomo do palácio era uma espécie de principal ajudante do rei. Ele é quem administrava os domínios do reino e distribuía as recompensas, geralmente terras, em troca de apoio de outros lideres. Na verdade, diante a incompetência dos reis, eram os mordomos que carregavam o reino nas costas.
Enquanto isso, os árabes batiam à porta dos francos. O profeta Maomé morreu em 632. Em apenas cem anos, os crentes (muslim), numa expansão impressionante levaram o Islã a territórios muito distantes da Arábia com a missão de expandir a fé e submeter os povos conquistados a Alá. Arábia, antiga Pérsia, norte da África, Península Ibérica e... Gália?! (futura França) Quase...
Desde 716 Carlos Martel empreendia com sucesso guerras contra os saxões, os frísios, os alamanos e os bávaros. Então, ele era o homem certo para conter o avanço muçulmano. 
Carlos Martel escolheu muito bem o campo de batalha, uma região bem estreita entre dois vales para dificultar o avanço da cavalaria árabe. Mesmo com várias incursões ela não conseguiu rompoer a fileira dos francos. Após vários ataques sem grandes avanços os francos partiram para a contraofensiva. Apesar dos esforços de Abd-er-Rhaman alguns árabes abandonaram o campo de batalha. Após interromper o combate, durante a noite a debandada muçulmana foi geral e Carlos Martel venceu por w.o.
A Batalha de Poitiers foi importante por alguns fatores:
1. Impediu o avanço dos muçulmanos sobre a Europa central. Vale lembrar, desde que a expansão islâmica partiu da Arábia os muçulmanos eram praticamente imbatíveis.
2. Martel com seu sucesso, submeteu regiões "rebeldes" como a Aquitânia ao domínio franco.
3. Abriu caminho para a ascensão da dinastia carolíngia.
Este último aspecto é muito importante. Carlos Martel morreu em 741. Seu filho Pepino, o breve, se tornou o novo mordomo do palácio. No entanto, a dinastia merovíngia continuava decadente. Pepino, aproveitando-se do brilho do seu pai, escreveu ao Papa Zacarias propondo a seguinte questão: "Os reis já não exercem o poder no nosso reino. Isso está bem ou está mal?" A resposta do Papa Zacarias foi: "Mais vale chamar rei a quem de fato exerce o poder, para não perturbar a ordem".
Há aqui momento crucial na teoria política. Aquele que exerce o poder por direito, quando lhe falta credibilidade ou competência deve continuar no trono ou deve ser substituído por um outro rei?
Assim, sobre a autorização e benção do Papa Zacarias, Pepino substituiu o último rei merovíngio Quilderico III, inaugurando a dinastia carolíngia em 751.


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