O Rei Arthur existiu?

Créditos da imagem: www.kidsnews.com.au

Na história do Rei Arthur há uma mistura de lenda com realidade. Toda história lendária circula oralmente antes de ser escrita.
No século IX Nennius menciona pela primeira vez um guerreiro chamado Arthur em sua livro "História dos bretões". Após vencer 12 batalhas contra os saxões ele morreu em Camlann em 537.
De guerreiro, a cultura celta o transformou em rei.
No século XII, o padre Godofredo escreveu um livro chamado "História dos reis da Bretanha". Nele, o Rei Arthur é apresentado como aquele que viveu na época do apogeu da cultura bretã, lutando no século VI contra os invasores saxãos. Ele, em um combate contra seu sobrinho Mordred, foi ferido mortalmente na Batalha de Camlann. Arthur foi levado para ilha de Avalon onde a fada Morgana (irmã do rei) cuidou de seus ferimentos evitando sua morte. Assim, surgiu a "esperança bretã", um mito de que um dia o Rei Arthur voltaria para recuperar seu trono, ou seja, ele se tornou imortal em Avalon.
É claro que isso gerou um problema para todos os reis que tentavam dominar a região da Bretanha, pois a população local resistia, reconhecendo apenas a autoridade de Arthur.
A solução foi bem curiosa. Os reis que tentavam afirmar sua autoridade no processo de centralização da monarquia inglesa tinham de encontrar a tumba do rei Arthur e por fim na "esperança bretã".
Henrique II Plantageneta bolou uma armação. Por volta de 1180 o rei mandou abrir uma tumba na abadia de Glastonbury, que segundo um relato antigo estaria depositado os restos mortais de Arthur. Depois de muito escavar, "encontraram" o sarcófago real. Os ossos pareciam de um homem bem grande! Então, só podia ser o grande Arthur! Ah, junto dele havia uma cruz de chumbo com a inscrição:
"Aqui jaz enterrado o famoso Rei Arthur, na ilha de Avalon"
Com isso, Henrique II deixava claro que o Rei Arthur morreu mesmo e não estava vivo em Avalon. Mas não bastava acabar com o mito da "esperança bretã". Os reis da Inglaterra para combater a cultura celta tentaram se apropriar da história, se apresentando como os sucessores espirituais do Rei Arthur.
No século XVI com a Reforma Anglicana a abadia de Glastonbury entrou em ruína e a tumba desapareceu.
Mas Arthur existiu mesmo?
Provavelmente, não. O que sabemos sobre ele vem mais de uma história literária e folclórica, cujos traços assemelham-se mais ao modo de viver da Baixa Idade Média do que da passagem do século V para o VI.

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