As montadoras de veículos e o aquecimento global

Já repararam que as propagandas de carros modelo adventure sempre estão em contato com a natureza? Nada de mais, afinal, o carro foi feito para gente assim, que gosta de aventura e de emoção. É o carro ideal para fugir do caos urbano e contemplar a natureza idílica em locais de difícil acesso. Isso não é estranho? Temos um carro ideal para poluir lugares que os outros carros não conseguem chegar?!?!?!

Eu não quero voltar às carroças não... Preciso do meu carrinho para chegar até a escola! Mas é bom pensar sobre as incoerências do mundo dos homens. O relatório do IPCC responsabilizou a atuação humana pelo aumento da temperatura do planeta. Então, os gases resultantes da intensa produção industrial e da queima de combustíveis dos diferentes meios de transporte fazem nosso mundo piorar cada vez mais. No entanto, ninguém é louco de desacelerar a economia em benefício do futuro do planeta. O que importa são os negócios! O que importa é o capital! O capital que tudo domina e que tudo danifica.
Por curiosidade, tentei descobrir dados sobre a fabricação de carros no Brasil. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, em 2007, foram vendidos 2.444.437 veículos no país. A produção e a compra tem aumentado vertiginosamente diante das facilidades em conseguir um financiamento. E entre adquirir o grande sonho de consumo ou ajudar a preservar o planeta...

Em tempos em que a palavra do momento é sustentabilidade, eu fiquei pensando em como seria uma propaganda, uma campanha publicitária ecologicamente correta de uma grande montadora. Como passar a ideia de "preserve o planeta, compre um carro"? Alguém teria uma sugestão?

Comentários

Carlão disse…
Que eu saiba hoje em dia há vários tipos de combustíveis não poluentes:
São os combustíveis naturais (gás natural) e mecânicos (na verdade são motores, como por exemplo oeletromagnético).

O problema é que existe um custo para a preservação do planeta: O gás natural, por exemplo, é bem mais caro do que o álcool (que polui bem menos que a gasolina).
Também existem os microfiltros, que filtram moléculas poluidoras. Isso agora é obrigatório na fabricação de carros.

Acho que carros ecoesportivos têm o logo "natureza" por serem econômicos e "quase" ecologicamente corretos. Só será ecologicamente correto se o dono do veículo abastecê-lo com combustível ecologicamente correto.

Dê uma olhada no site http://www.inovacaotecnologica.com.br
Há várias matérias interessantes sobre isso. Veja uma matéria de hoje mesmo: Empresa lança biodiesel produzido a partir de algas marinhas!
Daniel Giandoso disse…
Olá Carlos!
Fico contente com sua visita. Suas palavras são muito pertinentes. De fato, há combustíveis não poluentes ou que poluem menos. Porém, não pensava neles. O que eu queria ressaltar é o quanto seria mirabolante para uma montadora, nas atuais condições do mercado, associar a venda de automóveis com a preservação da natureza. Elas ajudam a destruí-lo.
O fato de não se desenvolver transportes alternativos ou menos poluentes, ao meu ver não é uma questão de custo alto, até mesmo porque preservar o planeta compensaria qualquer custo, qualquer mesmo. Não se vê problemas em gastar valores exorbitantes em armas e em guerras, cujo custo é infinitamtne maior do que qualquer gasto ambiental. Ademais, qualquer inovação tecnológia é sempre cara no início. O que torna viável sua aplicação são medidas facilitadoras, um conjunto de iniciativas, que com o tempo, o dispendio inicial é reduzido.
Sabe porque não se desenvolve energias alternativas, transportes alternativos, combustíveis alternativos, motores alternativos? Por que é caro? Claro que não!!! É porque aqueles que podem promover esta mudança teriam seus interesses afetados. O problema não é o custo que isso gera, mas o dinheiro que se deixa de ganhar. O que é bom para o planeta não é bom para os capitalistas. Só isso. O que seria da indústria petrolífera (tão poderosa a ponto de provocar uma guerra no Iraque) se os meios de transportes não precisassem mais dos derivados fabricados por ela? Governo nenhum se opoem a esses interesses, até mesmo porque é das grandes corporações, dos trustes internacionais que vêm o dinheiro de suas campanhas. Outra hora a gente conversa mais.
Elis Zampieri disse…
Olá Daniel...A criatividade das montadoras e a capacidade de convencimento através da publicidade realmente é indiscutível, quase como as propagandas de cigarro...Esse seu post me inspirou para escrever sobre a questão da deficiência, parece não ter muito a ver, mas tem...
Seu blog está bem interessante e suas análises sempre muito bem fundamentadas. Abraço.
Um belo texto, imformativo e direto.
Daniel estamos disponibilizando um banner com o link do Lata Mágica Recife, é só copiar o texto em baixo da foto que o link ficará disponivel na sua página.
Falando em link, gostariamos de linkar o seu blog no nosso espaço da lata?.

Um forte abraço dos amigos da Lata:

Willam & Odilene
Tiago "Kalaes" disse…
Professor

Como Publicitário, esse é um dos maiores desafios que o Criativo de toda a agência tem...

Ultimamente algumas agências, sem sucesso, tem deixado o carro em enquadramentos de natureza e com selos de alguma ONG, onde parte do dinheiro da venda do carro é revertido em reflorestamento ou algo do tipo...mas algo substancial que valha a pena mencionar em qualquer propaganda...isso realmente não temos!

abs
Anônimo disse…
Só em SP são seis milhões de veículos. Agora imaginem toda a poluição que esse bando de carro não causa. Mas é verdade, as pessoas precisam de seus carros para ir à escola, ao teatro, ao supermercado. Se a cidade oferece um melhor transporte público, talvez essa mentalidade mudasse um pouco. Enquanto isso não acontece, a gente vai ingerindo uma série de gases produzidos pelos carros... http://carros.hsw.uol.com.br/conversor-catalitico1.htm

Abraços
Helen disse…
Então, Professor, taí um dos maiores paradoxos do nosso tempo, a sustentabilidade. Economia e meio-ambiente aparentemente não conseguem habitar a mesma sala. E como ficamos nós, que dependemos de ambos pra sobreviver? Na minha opinião, o problema começou há muito tempo atrás, quando, por ignorância ou simples negligência deixamos a preocupação "pra depois", por levar em consideração a idéia - estúpida - de recursos infinitos.

Atualmente, o carro ideal é aquele que fica na garagem. Mas como, se o transporte público está muito, mas muito longe de atender às necessidades da população?

Mais um nó.
Daniel Giandoso disse…
Olá Clarissa!
É isso mesmo. Não há transporte público eficiente. Eu já nem sei por qual desculpa. Ao meu ver é bem mais do que incompetência administrativa, falta de dinheiro. É que, no Brasil, o serviço público não é para atender ao bem público, mas é para não atrapalhar o interesse privado. Deixar o carro em casa ou fazer com que as pessoas não precisem dele faz com que muita gente deixe de ganhar bilhões!!!
Um abraço, obrigado pela visita.
Daniel Giandoso disse…
Olá Helen!
Conforme disse a Clarissa, não se investe em transporte público mais por interesse econômico do que por incompetência administrativa.
Não sou ecologista chato que diz "cuidado para não pisar na formiga". Gosto de pensar a natureza como uma resultado belíssimo da arquitetura divina que está aí para ser comtemplada, mas também utilizada. O problema é o excesso, a ganância, o enriquecimento ilícito, o crescimento industrial desenfreado...
Obrigado pela visita

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