Cidadania: muito falada, pouco compreendida

Cidadania é uma daquelas palavras que sempre sai da boca de alguém com sentido já gasto. É palavra boa para discurso, embora nem sempre se saiba do que se trata... Talvez, seja por isso que ela é tão usada! Ainda mais em época de eleição, cidadania aparece em todas as mídias, em discursos de políticos, em aulas e em conversas. Mas afinal, o que podemos entender por cidadania?

Créditos da imagem: Clickideia

Bom, cidadania não é algo simplesmente. É uma coisa que acontece (ou deveria acontecer). Trata-se de um exercício, de uma prática do indivíduo em sociedade. Mas não de qualquer prática! É a prática de direitos e de deveres tidos como essenciais para a sociedade, cujo resultado é a melhoria da própria sociedade e, consequentemente, do indivíduo que é parte dela.
Assim, exercer a cidadania é gozar de alguns direitos que, no caso da sociedade brasileira, estão contemplados na Constituição Federal de 1988.
Que direitos são esses? Cito alguns a partir dos artigos da Constituição:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; (segue uma série de outros)
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Então, a cidadania acontece quando todos esses direitos são garantidos pelo Estado a todos os brasileiros. Como isso não acontece (já que não temos saúde e educação pública decente, por exemplo), não podemos dizer que a cidadania é plenamente vivida na sociedade brasileira. Aliás, a maioria esmagadora da população está excluída dela.

Comentários

Carlão disse…
Quem dera se tivessemos direitos iguais, uma vez que não é a população quem governa o mundo?
Anônimo disse…
Olá professor...ñ sei se me esclareu mais ou se me confundiu mais, ou ainda se o problema sou eu em ñ querer ver de fato oq é ser cidadão...porque pensando nos termos da constituição, ñ faz diferença saber qual o seu significado, já q na prática, como vc colocou, ñ participamos de uma cidadania coerente... digamos q a minha parte eu faço... eu vou a um hospital público ne esperaça de ser atentida... e normalmente eu sou, mas depois de 01 ou 02 ou ainda 03 horas de espera... um desrespeito para com o "cidadão"... CIDADANIA... LIÚ...
Carlão disse…
Na verdade, "fazer a sua parte" não é bem o que as pessoas pensam.
Sabem, dizem que não amar é antiético! Fazer a sua parte é amar aos outros. Amar aos outros significa impor as necessidades deles acima das suas. Se a sociedade fizesse a "sua parte", o bandido não seria preso: Ele seria mudado.
É cuidar dos seus problemas e cuidar dos problemas dos outros. Deste modo, a sociedade se ajuda.
Coisa complicada... Os cidadãos fazem seu dever, mas raramente sua parte.
Daniel Giandoso disse…
Olá Carlos!
Bom, eu não sei se é a população que governa o mundo. O povão apenas tenta sobreviver. Eu acredito que quem governa o mundo são as grandes corporações financeiras, os grandes trustes internacionais, os grandes setores produtivos e quiças as sociedades secretas que já não são tão secretas assim... os governos, presidentes, primeiros-ministros são fantoches nas mãos deles.
Daniel Giandoso disse…
Olá Liú! Que bom saber seu nome!
Bem, de fato, ao pensarmos a cidadania como o exercício de direitos garantidos pela lei, vemos que no Brasil estamos longe disso, pois existe um abismo entre a lei no papel e a sua aplicação em nosso país. Porém, a cidadania também é uma conquista, ou ainda, é fazer valer os direitos. A constituição, mesmo que não cumprida fielmente, já é um avanço, pois, através dela podemos recorrer, temos amparo legal. E isso não é pouca coisa. Então, também é próprio da cidadania reivindicar que os direitos sejam assegurados na prática. Mas isso requer uma certa mobilização popular. Mas só se mobiliza o povo bem educado e instruído, coisa também rara por aqui.
Daniel Giandoso disse…
Bom pensamento, Carlos. Realmente é por aí que tem de ser. Mas eu não acredito que amar os outros ou se preocupar com eles mais que a si mesmo, é um mero movimento da vontade, um impulso que a pessoa decide fazer ou não. Parece que, por mais que desejemos fazer o bem para os outros, não conseguimos. Eu olho para minha vida e percebo facilmente que quando penso ou faço uma coisa considerada boa, na verdade ainda penso em mim mesmo... espero, no mínimo, reconhecimento.
Carlão disse…
Mas isso é natural. As pessoas necessitam se sentir valorizadas. Mas também precisam valorizar aos outros.
Se você ajuda a alguém, você faz isso para que? Para que tal pessoa te valorize.
Anônimo disse…
Na verdade eu não consegui me expressar bem novamente... quando disse "faço a minha parte", tentei usar uma ironia, pois não vou a um hospital por vontade própria e acho que ninguém faz isso, sim por necessidade... não dá pra pensar em alguém indo a um lugar onde os "cidadãos" morrem pelos corredores e ninguém faz nada, ou quase nada...há muito mais sujeira debaixo desse tapete que possamos preceber...não acho que seja o simples fato de querer ajudar o outro por somente amor, ou derrepente até é e a gente é que complica... LIÚ
Anônimo disse…
Prof. Daniel concordo totalmente com seus pensamentos. Cidadania é aquela palavra bonita usada como status. Soi apisentada no entanto não sou demente, atualmente ensino no Colégio B. de Bebedouro, aão 19 alunos da alfabetização (1º Ano) "todos" estão lendo corretamente. No entanto sou velha e negra o que a escola fez? Já sou carta fora do baralho. Onde está a cidadania? Só nas crianças!
Anônimo disse…
Prof. Daniel, meu teclado está totalmente cego por isso tantas falhas; Sou. aposentada, são Ressalvas) desculpe-me.
Inês ( Colégio Evangélico Batista de Bebedouro)

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