A tragédia americana

O atentado do último dia 16/04 nos EUA que provocou a morte de 32 pessoas num campus universitário no Estado da Virgínia, leva-nos a uma reflexão não apenas sobre as causas desta tragédia, mas sobre as primeiras causas, ou melhor dizendo, aos fatores condicionantes.

O ato em si já aconteceu outras vezes na história recente dos Estados Unidos, isto é, estudantes serem vitimados por colegas em instituições de ensino. Porém, esta atitude revela um comportamento próprio do imaginário coletivo americano: o de resolver problemas ou diferenças (ou se precaver deles) pela força das armas.

Esta mentalidade está presente desde a formação do país. A conquista territorial para o oeste se fez, ainda que não exclusivamente, pelo conflito armado com espanhóis, mexicanos e indígenas. A atuação do exército norte-americano pelo mundo nada mais é do que a extensão desta mentalidade. Portanto, estamos diante de uma sociedade exageradamente armada que garante os grandes lucros da indústria bélica. A arma de fogo não apenas é um símbolo do poder e do sucesso norte-americano, mas a sua garantia. E por isso, elas são facilmente vendidas em supermercados como qualquer outro produto. As armas representam um prolongamento das ações cotidianas, fortemente enraizada na cultura e na história.

Nesta lógica ianque, o governo norte-americano, ao contrário dos países asiáticos ou do Oriente Médio, sabe muito bem como usar a bomba atômica. Da mesma forma, o cidadão patriota americano sabe muito bem como usar as armas que ele possue em casa.

Isso faz parte de outra mentalidade coletiva norte-americana que divide o mundo entre mocinhos e bandidos (o típico faroeste); entre o eixo do bem e o eixo do mal. Pensamento digno de censura. E então, surgem essas tragédias, "mal compreendidas", que assolam o belo modo de pensar norte-americano.
Contudo, uma sociedade armada até os dentes, carente de valores, consumista e discriminatória é suficiente para entender o ocorrido. O estudante sul-coreano Cho Seung-Hui não caiu de paraquedas no campus. Está nos Estados Unidos desde a infância. E, mesmo apresentando sérios problemas psicológicos, ele é um resultado desta sociedade marcadamente excludente e que oferece as armas como forma de impor respeito.

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