Debate entre Lula e Collor

Por esses dias pude assistir o segundo debate entre Lula e Collor para as eleições de 1989. Naquela época eu tinha 12 anos! Agora, nos meus 30 anos, foi tão difícil crer que aquele debate realmente tenha ocorrido daquela maneira... Revendo-o, parece mais algo fantástico, coisa criada pela imaginação humana. E, de certa forma, não foi? Pior que foi...
Penso que se o Lula tivesse vencido em 1989, certamente sofreria um golpe. Mesmo assim, revisitar todo o esforço nacional (e internacional), de gente endinheirada e importante para garantir a vitória de Collor da forma mais inescrupulosa possível, fez-me pensar: "Como isso pode acontecer? Não, não posso crer que realmente foi assim..." E foi! Alguém se lembra do jornalismo de baixo nível da Rede Globo quando ela fez a edição do debate no Jornal Nacional salientando os piores momentos de Lula e os melhores momentos de Collor, dando um tempo muito maior de exposição ao colorido?

Agora é possível ver o debate que a própria Rede Globo disponibilizou na íntegra. Muito interessante o empenho dos jornalistas em associar a queda do muro de Berlim com a eleição do Lula, que seria o representante do socialismo que caiu com o muro.
E o Collor? Parecia bem "sabedor" do que seria perguntado. Discurso pronto, impecável... E nem por isso sua argumentação não deixou de ser patética e apelativa (suficiente para assustar o povão e para tranquilizar a elite). Disse que Lula defendia a luta armada, a invasão de terras produtivas, a invasão de casas e apartamentos (meu Deus, ele disse isso). Disse que para Lula, todos aqueles que não concordam com suas teses devem ser condenados (!!!) Lula iria se apropriar dos bens privados. Ops!!! No entanto, foi Collor que confiscou a caderneta de poupança.

Pois é... O Brasil elegeu o presidente bonitinho (quantas mulheres não votaram nele por isso?) ao invés do barbudo. E como Collor não possuía competência administrativa e muito menos um projeto político consistente e eficaz, para desviar a atenção da mídia e do povão, se portou como superpresidente. Imitava o Tarzan, lutava karatê, andava de jet-sky, fazia ginástica, pilotava caça da FAB, corria pra lá e pra cá com mensagens na camisa... Que patético... Enquanto isso, a lambança e a corrupção corriam soltas. E quando a coisa complicou pra valer, passaram fogo no PC Farias (que sabia demais) e forjaram um crime passional!?!?!?
Hoje, nada disso parece verdadeiro... Lembra mais um roteiro de filme americano de quinta categoria com aqueles atores que ninguém conhece (tipo Super Cine).

Ah! Se alguém quiser acompanhar o debate é só CLICAR AQUI

Comentários

Anônimo disse…
Daniel, que bom você ter tocado neste assunto no seu blog. Na época eu tinha apenas sete anos, mas me lembro um pouco desse debate. Hoje, um debate feito nesses moldes seria inconcebível, mas na época creio que foi tudo aparentemente normal para a população, ou seja, não parecia forjado. Imagine só uma população que passou quase três décadas sem saber o que era democracia e o que era debate. Ficou tudo muito fácil para a Globo. Além do vídeo que você falou (vou tentar postá-lo no The History Movies), existe um outro vídeo que aborda o assunto: Muito além do cidadão Kane - que infelizmente está proibido no Brasil desde 1993, mas que é possível assití-lo pelo Google Vídeo e outros portais de hospedagem de vídeo. Este último vídeo, infelizmente, não posso postar no meu blog. É uma pena. Pois assim mais e mais pessoas saberiam os estragos que a Globo ajudou a fazer no Brasil. Um abraço.

Postagens mais visitadas deste blog

História em debate: Anarquismo

O calendário da Revolução Francesa

O povo e a ralé em Hannah Arendt

As obrigações do vassalo

Assine a nossa newsletter

Siga-nos nas redes sociais

Style Social Media Buttons