A falácia da sustentabilidade

Talvez seja rabugice minha, mas não gosto da palavra sustentabilidade. Numa época em que a Amazônia vai se acabando e o aquecimento global vem para ficar, sustentabilidade é a palavra do momento. Claro que não sou contrário ao desenvolvimento sustentável, mas a forma como a palavra é utilizada é que me encomoda. E por isso, passei a não gostar dela.

Penso que o termo sustentabilidade fica cada vez menos ambiental ou ecológico e cada vez mais mercadológico, meio para ganhar dinheiro. É assim que a palavra aparece nos anúncios de grandes corporações produtivas e financeiras. Os bancos são um grande exemplo disso. O setor que mais lucra neste país de miseráveis anuncia escandindo os dentes seus projetos em prol da sustentabilidade. Verdadeiras esmolinhas comparadas aos seus ganhos exorbitantes. Sustentabilidade se tornou uma espécie de investimento que garante lucro, melhora a imagem da instituição e deduz impostos.

Ano passado, a International Paper (a que fabrica o chamex) fez um concurso literário lá na minha cidade natal. É claro que a empresa queria algo que a associasse com a preservação, natureza, meio ambiente, essas coisas que uma fábrica de papel respeita muito... O tema era sustentabilidade. Mandei um poema (politicamente incorreto) e até hoje não recebi resposta sobre a colocação que obtive no concurso. Aí eu concluí que a minha colocação foi na lata de lixo.

Se alguém estiver curioso para ler o poema, clique aqui

Comentários

Anônimo disse…
Olá,

Parabéns pelo blogue.

Eu represento um grupo de professores que decidiu criar o concurso de vídeos no YouTube intitulado "BiblioFilmes – Livros, Bibliotecas, Acção!", que visa além de promover a leitura, o livro e as bibliotecas públicas e escolares através das novas tecnologias, angariar fundos.

Poderá encontrar mais informação na página oficial do concurso em http://bibliofilmes.com
e no blogue http://BiblioFilmes.blogspot.com .

Vínhamos, por este meio, divulgar a iniciativa e também convidar à divulgação e participação.

Os filmes terão de ser feitos até 2 de Abril de 2008 (Dia Internacional do Livro Infantil), data em que se iniciará o período de votações, até 23 de Abril (Dia Mundial do Livro), em que serão anunciados os vencedores.

Com os nossos melhores cumprimentos,

Organização BiblioFilmes
bibliofilmes @ xariti.com
Anônimo disse…
Olá!!
Adorei o teu espaço aqui!
O nome do blog foi o que me chamou a atenção primeiro, hehehe, já que sou Química; e pensei tivesse encontrado mais um 'quimiloko' na blogosfera!hehehe!!
Tomei conhecimento de teu blog através do Grupo Blogs Educativos, faço parte ctg.
=]
Abraços e mto sucesso neste ano q se inicia!!
Elis Zampieri disse…
Muito bem fundamentadas suas reflexões Daniel. Com certeza as empresas passam a investir em projetos de sustentabilidade muito mais pelo pela valorização das suas marcas ou pela pressão de multinacionais que exigem tais medidas do que necessariamente por conscientização. No fim, o capital acaba sempre falando mais alto seja entre as empresas, seja na agricultura e até mesmo nas políticas governamentais onde existe resistência por parte de alguns países em melhorar as condições naturais de vida do planeta. Coisas desse capitalismo selvagem.
Rui Prudêncio disse…
Olá,

Agradeço o seu comentário no Blogue de História e Estórias.Estou sempre disponível para trocar impressões consigo, um bloguista da História, tal como eu.

Aproveito a oportunidade e faço-lhe já uma questão. Sabe-me dizer quantos navios portugueses ficaram no Brasil, quando D. João VI regressou a Portugal em 1821, navios esses que integraram a marinha brasileira aquando da independência do Brasil em 1823?

Obrigado.
Unknown disse…
Garoto: ver, pensar, ler, escrever, pensar novamente, ler mais um pouco, apagar aquilo que foi escrito, reescrever, pensar novamente, e então ver com outros olhos. Não esqueça de nossa parceria para 2008.
Suzana Gutierrez disse…
Oi Daniel

Uma das características mais perversas do Capital é esta apropriação de conceitos, práticas, movimentos e sua posterior distorção em formas que reproduzam este mesmo capital.
Outros conceitos que vem 'virando' são os de rede,colaboração, voluntariado.
A rede, por ex, passa a ser o "modelo" de organização que legitima a "nova economia" e processos produtivos onde a responsabilidade e a penalidade recai tão somente sobre o trabalhador (chamado de "associado"; "colaboador").

Outra falácia é a pregação de "empreendedorismo" em escolas estaduais, nas quais os próprios estudantes já sabem que o único empreededorismo possível para eles é vender CDs piratas na esquina.

Pior é que muitos professores, principalmente os do ensino fudamental que não vêem o panorama que se desenha para os alunos que estão concluindo o ensino médio, ficam seduzidos por propostas deste tipo.

As palavras são cheias de ideologia , neh

:)
Anônimo disse…
Professor Daniel,

te encontrei num comentário teu deixado no blog da Marli. Falando de um "doutor" e seus papéis... rs!


Tua posição contra o uso do termo "sustentabilidade" é bastante sustentável.


Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.

Quero te apresentar meu texto "O Professor":

http://www.edmalux.blogspot.com/2005_09_21_archive.html


Abraços, flores, estrelas..
Anônimo disse…
Olá!

Como agradecimento ao convite deixado no blocodenotas-euri aqui estou registrando presença.

Naveguei nos post e gostei bastante do que encontrei. Razão para voltar mais vezes.
grata.
Gostei do artigo. Também não gosto da palavra sustentabilidade. Gostei do texto, postei um comentário no blog da poesia, que admirei bastante por seu cunho crítico-reflexivo-devastador! Vc merecia o primeiro lugar, mas a vida é assim mesmo: um baile de máscaras! abraços
Anônimo disse…
nunca tinha refletido sobre a palava sustentabilidade e pensando bem, creio q tenha virado uma palavra burguesa, onde os "donos do meio de produção" dão esmolinhas para resolver o problema e se mostrarem bonzinhos, que na verdade é mais uma mera jogada de marketing.

qto ao seu poema, adorei mto bom mesmo! parabens
Daniel Giandoso disse…
Muito obrigado, Carol!

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