Sociedade Alternativa


Em uma entrevista, Raul Seixas disse que em 1974 foi expulso do país quando os militares o interrogaram sobre a localização da Sociedade Alternativa. Ele disse que era apenas uma música. E era mesmo.

A Sociedade Alternativa nunca existiu realmente. Na verdade, nem se tratava de um conjunto de ideias claras ou propostas objetivas. Tratava-se de um sonho. Mas o termo assustava, uma vez que ficava claro que a sociedade da época não bastava, precisava ser reformada ou substituída.

A Sociedade Alternativa era uma mistura de princípios filosóficos com ocultismos e esoterismo idealizados por Raul e por Paulo Coelho. Eles foram influenciados por um ocultista inglês chamado Aleister Crowley. O princípio básico, que está presente na letra da música é: "faça o que tu queres, pois tudo é da lei". Então, a única lei é fazer o que quiser. Isto deve ser entendido dentro do contexto de ausência de liberdade imposta pelos militares na época.

Embora a ideia de acabar com o governo não estivesse claramente explícita, fica evidente alguns princípios anarquistas que foram criados no século XIX, como a não obediência a uma autoridade ou a submissão às leis.
É próprio da juventude questionar valores estabelecidos. E realmente, a ideia de associar a liberdade com fazer o que se quer, fascina. Isso é perigoso e irrealizável. Durante muito tempo a liberdade era considerada um privilégio e não sinônimo de independência.
Podemos dizer que um pretensa liberdade baseada única e exclusivamente em disposições individuais pode se transformar numa forma de escravidão: a escravidão da própria vontade.

Porém, até em sociedades tidas como "arcaicas e conservadores" como a sociedade medieval, o fazer a própria vontade era admitido dentro de um critério muito esclarecedor. Dizia Santo Agostinho: "Ame e faça o que quiseres". Quem ama não prejudica nem a si e nem a outros. Não é este o perigo de uma liberdade desmedida?

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