Santos-Dumont e o espaço aéreo brasileiro

Créditos da imagem: Airway - Uol

Infelizmente, acontece de alguma coisa mudar para melhor quando gente importante morre ou quando alguma tragédia ocorre. Precisou do acidente com o Boeing da Gol que causou a morte de 154 pessoas para que todos nós soubéssemos que o espaço aéreo brasileiro simplesmente não funciona.
Logo após o acidente um jornalista americano falou sobre a inoperância do sistema de controle aéreo em nosso país. Eu fiquei indignadíssimo e gritei escandindo os dentes: "Fala típica de americano que considera o mundo um quintal da Casa Branca e que não admite que algo pode ser bom sem a chancela do Tio Sam!" E NÃO É QUE O HOMEM ESTAVA CERTO?
Muito significativo que essa confusão nos aeroportos depois do início da operação padrão dos controladores de voo esteja ocorrendo no centenário do voo do 14 Bis. Significativo e triste. Talvez, seja uma das ironias da História. O fato é que comemorar este acontecimento, do qual todos devemos nos orgulhar, em meio ao descaso do governo com a aviação parece piada de mau gosto.
Costuma-se dizer que não existe SE na História. Coisas do tipo "Se o golpe militar não tivesse ocorrido..." O que adianta especular sobre o que não se deu?
Apesar disso, vale a provocação: Se os 10 milhões de dólares destinados pelo governo brasileiro para mandar nosso astronauta Marcos Cesar Pontes para o espaço fossem investidos no sistema de controle de voos, o caos estaria acontecendo?
Sem julgar os méritos e o esforço de Marcos Pontes ou a importância dos experimentos científicos realizados (se é que realmente foram importantes), parece que tal empreendimento foi carregado de um simbolismo ufanista:
"Há 100 anos um brasileiro conquistou os céus. 100 anos depois, um brasileiro conquista o Espaço".
Agora, qual seria a melhor homenagem a Santos-Dumont? O que o faria sentir mais feliz?
Um brasileiro plantando feijão no Espaço ou os brasileiros voando com segurança nos "céus da pátria"?

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